sábado, 27 de fevereiro de 2016

O PORQUÊ DAS COTAS RACIAIS NO BRASIL

Como ainda tem muita gente que não entende (ou não quer entender) por que temos cotas raciais e sociais no Brasil, a jornalista e blogueira Cynara Menezes preparou um rápido guia:

1. Se você é preto, pardo ou indígena, tem direito às cotas; ponto. A autodeclaração vale na hora da inscrição, mas algumas universidades podem exigir comprovação após a matrícula para verificar se você atende aos requisitos. Isto é feito principalmente para não prejudicar outros pretos, pardos ou indígenas que de fato precisam das cotas.

2. Se você é preto, pardo ou indígena e veio de escola privada, mas acha que, por uma questão de reparação histórica, deve usar o sistema, tem direito.

3. Se você é preto, pardo ou indígena e veio de escola privada, poderia abrir mão das cotas (se desejar). Esta é, porém, uma decisão que compete apenas aos pretos, pardos e indígenas, não aos brancos.

4. Se você é preto, pardo ou indígena e, mesmo sendo pobre, acha que as cotas são desnecessárias, é simples: não utilize as cotas. Mas estude melhor a História do Brasil para não se tornar duplamente vítima do racismo, sem se dar conta.

5. Se você é branco e veio de escola pública, tem direito às cotas.

6. Se você é branco, mas longinquamente afrodescendente e estudou em escola privada, não deveria se candidatar a cotas por uma questão moral e ética. Fazer-se passar por negro para ser beneficiado por cotas é uma espécie de corrupção e pode ser considerado estelionato.

7. Se você é branco e veio de escola privada, não tem direito a cotas.

8. As cotas foram feitas, obviamente, para atender a quem precisa delas. Como a maioria dos pobres no Brasil é preta, parda ou indígena, bingo: a maioria deles precisa de cotas porque não se pode comparar suas chances de ascender à universidade com as de estudantes de classe média ou ricos que frequentaram escola privada a vida toda. Isto se chama INCLUSÃO.
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9. Coloque na cabeça: as cotas não são uma vantagem: são a correção de uma desvantagem histórica. Antes delas, apenas 2,2% de pardos e 1,8% de negros tinham concluído universidade no Brasil; após as cotas, este número subiu para 11% de pardos e 8,8% de negros. Ainda é pouco, já que eles são 53% na população. Em Medicina, por exemplo, somente 0,9% dos formandos no Estado de São Paulo em 2014 eram negros.

10. Quem gosta tanto de usar a palavra “meritocracia” deveria entender que ela só se justifica entre pessoas com condições de vida semelhantes e não entre desiguais. É moleza falar em meritocracia sendo branco, tendo papai rico e estudando nos melhores colégios. É como apostar corrida saindo vários segundos na frente do outro competidor.

11. Ao contrário do que quem é contra as cotas costuma espalhar por aí, as notas dos cotistas têm se mostrado iguais ou superiores às dos estudantes não-cotistas em várias universidades, como a UFMG, e em algumas delas o índice de evasão dos cotistas é menor que o dos não-cotistas.

12. Nos EUA, existem cotas (políticas de ação afirmativa) desde os anos 1970. Isso possibilitou que os negros avançassem na sociedade ao ponto de hoje o presidente do País ser negro. No Brasil, menos de 10% dos deputados e senadores são pretos e pardos.

13. As cotas raciais têm prazo para acabar: assim que a proporção de pretos, pardos ou indígenas em relação aos brancos chegar a números semelhantes aos da sociedade em geral, as cotas acabam. Enquanto isso não acontecer, nada mais justo que continuem.
*Texto originalmente publicado no site “Socialista Morena

Vereador de Matões reage e diz que chapa governista ainda não foi definida

Fonte: Ludwig Almeida

Vereador Bilú desfaz especulação e disse
que chapa governista não foi definida
Ainda existe muita movimentação nos bastidores da política de Matões, e o que se espalhou pela cidade como definido de fato não está. Como é o caso da chapa governista, pré-candidatos a prefeito e vice, que deve ser anunciado somente em maio pelo grupo político da prefeita Suely Pereira e do ex-deputado Rubens Pereira, o Rubão.

Circulou em Matões e também em Timon uma informação de que a chapa governista já teria sido definida, inclusive chegaram a dizer que esse dois nomes teria sido tratado na última grande reunião política dos aliados do grupo Pereira e Coutinho. Mas, a informação foi desfeita por um aliado político da prefeita Suely Pereira, o vereador Wederson Brito, o popular Bilú do PSB.

O parlamentar foi enfático numa rede social onde reúne vários matoense ao desfazer a especulação sobre essa decisão da chapa majoritária do grupo Pereira, e disse que essa decisão é única e exclusivamente da prefeita Suely Pereira como dita e reafirmada na última reunião do grupo político. “Essa decisão é única e exclusivamente da prefeita, como ela falou na reunião”, disse o vereador Bilú.

Dando um ponto final no assunto, o vereador Bilú acrescentou que na reunião não foi tratado nome de vice e que esse anúncio só será feito em maio deste ano, como dito repetida vezes pelo ex-deputado Rubão. “[...] Em nenhum momento foi tido isso [...]”, finalizou o vereador Bilú.

Entre os nomes que permanecem cotados como possíveis componentes da chapa governista está o do vice-prefeito Ferdinando Coutinho, Elvirane Pereira, vereador Cristiane Pinheiro e do secretário Assis Filho.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Chico Vigilante: FHC, o cínico



Deputado distrital pelo PT-DF, Chico Vigilante diz que "líder tucano não reconhece os erros e se esconde, covardemente, atrás da Lava Jato"

Postado por Agência PT, em 23 de fevereiro de 2016 às 14:19:35


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) agarra-se, agora, à providencial trocentésima fase da Operação Lava Jato para desviar o foco das muitas – e graves – acusações da jornalista Mirian Dutra contra ele.
Para esconder Mirian na Europa durante os oito ano em que esteve na Presidência da República, FHC tornou o País refém de uma concessionária do Estado – a TV Globo – e usou outra, a Brasif, para atravessar recursos por um paraíso fiscal a fim de manter a ex-amante de bico calado.
Agora, tem a pachorra de se esconder, covardemente, atrás da Lava Jato para insinuar a necessidade de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Ele, FHC, que comprou votos para a reeleição.
Ele, FHC, que vendeu o patrimônio brasileiro a preço de banana em negociatas também nunca investigadas.
Um homem de 84 anos que, diante da própria ruína moral, não tem sequer a hombridade de reconhecer o próprio erro.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Rubens Jr. e deputados vão à Justiça pedir investigação contra FHC


O deputado federal e vice-líder do PCdoB em Brasília, Rubens Pereira Jr., esteve com deputados de vários partidos na tarde desta terça-feira, (23), em audiência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para pedir que sejam investigadas as recentes denúncias contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O documento entregue ao ministro Cardozo pede apuração de denúncias feitas pela jornalista Mírian Dutra contra FHC, com quem teve um caso extraconjugal. Mírian foi morar no exterior após ter tido o filho Tomas, de quem FHC fez dois testes de DNA, cujos resultados deram negativo.

Para Rubens Jr. a justiça precisa mostrar que ninguém será poupado das investigações: “Fomos ao ministro da Justiça apenas para reiterar que a justiça investigue a todos, independente de partido e que não haja nenhuma investigação seletiva”, destacou o parlamentar.

Do fato

Em entrevista recente à imprensa, Mírian revelou que recebia uma mesada de Fernando Henrique, paga por meio de um contrato fictício de trabalho por meio da empresa Brasif, do lobista Fernando Lemos, que era cunhado de Mírian. A jornalista que foi da Globo por 35 anos contou ainda que FHC a forçou a fazer dois abortos.

Logo após as denúncias virem à tona, Cardozo admitiu a possibilidade de a Polícia Federal investigar os repasses do ex-presidente tucano ao exterior. Segundo ele, todos os aspectos que possam envolver uma situação de "eventual ocorrência de delito" no envio de dinheiro ao exterior, por parte de FHC, passarão por "estudo técnico e jurídico".

GOVERNO FLÁVIO DINO HOMOLOGA CONCURSO PARA PROFESSOR

Além de reforçar a economia do estado, o concurso será fundamental para aumentar os indicadores educacionais do Maranhão. Foto: Divulgação
Além de reforçar a economia do estado, o concurso será fundamental para aumentar os indicadores educacionais do Maranhão. Foto: Divulgação
O governador Flávio Dino homologou, nesta tarde (23), o Concurso Público para Professor. Os educadores farão parte do quadro permanente da Secretaria de Estado da Educação do Maranhão (SEDUC). Dino destacou a importância dos profissionais para a mudança dos índices educacionais do Estado. “Desejo que os novos professores do Maranhão se somem aos demais na busca de uma educação de qualidade para nossos jovens”, disse.
O edital, lançado em novembro de 2015, abriu 1,5 mil vagas com salário-base mensal de R$ 4.985,44 (vencimento mais 104% de Gratificação de Atividade do Magistério), para jornada de 40 horas semanais, o que representa uma remuneração por hora de R$ 32. Esta remuneração está entre as maiores para a categoria em todo o país. A medida anunciada por Flávio Dino visa corrigir o déficit de profissionais de educação.
A secretária de Estado da Educação, Áurea Prazeres, realçou o valor da iniciativa: “O concurso público para professores é mais uma ação do governo Flávio Dino de valorização dos profissionais da educação, com vistas à qualidade do ensino e da aprendizagem dos nossos estudantes. Além disso, o certame também possibilita o ingresso de profissionais da educação especial ao Sistema Estadual de Ensino, melhorando, dessa forma, o atendimento às pessoas com deficiência, matriculadas nas nossas escolas”, comentou.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica das Redes Públicas Estaduais e Municipais do Estado do Maranhão (Sinproesemma), Júlio Pinheiro, afirma que a abertura do concurso para professores foi fruto de uma luta histórica dos profissionais da educação do estado atendida pelo governador Flávio Dino. “O concurso atende a uma pauta importante do Sinproesemmma, que vê como fundamental a diminuição da contratação temporária na rede estadual de ensino. Por outro lado, dá à comunidade em geral a oportunidade de ingresso no serviço público, fortalecendo a educação no nosso estado”, relatou Julio.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Acidente de moto deixa mais uma vítima fatal em Parnarama

O acidente aconteceu na MA-262 em Parnarama
A vítima desta vez foi o jovem Fabio Santos, de aproximadamente 27, que perdeu o controle de sua motocicleta, depois de passar por uma lombada “Tartaruga” (usada como redutores de velocidade), na MA-262, no bairro Chapadão em Parnarama.
O acidente aconteceu na tarde desta sexta-feira (19). A vítima teve morte imediata e estava sozinho no momento do acidente. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência ainda se deslocou até o local, porém nada pôde ser feito.
A vítima é filho de Ana Maria Madeira, uma das mais conceituadas professoras da cidade parnaramense. Ao que se sabe é que Fabio trabalhava como operador de máquina na cidade de Matões-MA e sempre no termino de seu trabalho voltava à Parnarama.
O corpo foi levado ao IML de Timon. O velório acontecerá em sua residência, localizada  atraz do Mercado Central da cidade de Parnarama.
Fonte: O Segundo

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Governo do Maranhão reafirma compromisso com a valorização dos profissionais da educação

Fonte:Sinproesemma
Representantes do Governo e do Sinproesemma em reunião nesta quinta-feira (18). Foto: Lauro VasconcelosEm mais um diálogo da mesa de negociação entre o Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma) e o governo do Estado, realizado no final da tarde desta quinta-feira (18), na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), houve alguns avanços na discussão da pauta da campanha salarial de 2016 dos educadores, composta de 25 itens.
Além de sinalizar que avalia financeiramente a possibilidade de cumprir o pagamento do reajuste do piso, este ano estabelecido em 11,36% pelo Ministério da Educação (MEC), o governo firmou o compromisso de definir, daqui a trinta dias, como será feito o pagamento das progressões dos professores, a última parcela que beneficia cerca de cinco mil educadores.
Para o item reajuste salarial, os secretários de Estado, Márcio Jerry (Comunicação e Articulação Política) e Áurea Prazeres (Educação), responderam que o governo precisa de mais tempo para fazer a avaliação financeira dos impactos e definir meios de atender a demanda, levando em conta o momento de dificuldades econômicas que o Brasil enfrenta.  “Estamos iguais a todos os estados da federação”, ressalta Márcio.
A possibilidade de ampliação da jornada de trabalho do professor, de 20 para 40 horas, já garantida em lei, também teve sinalização do governo para atender à reivindicação, que é uma das mais cobradas pelos educadores, principalmente os que estão com acúmulos de matrículas em redes de ensino. Abrindo mão de uma das matrículas, o professor nessa condição pode optar pela ampliação da jornada na rede estadual e evitar prejuízos nos rendimentos. Ficou acertado entre as partes que o tema deve ser tratado, exclusivamente, em uma reunião, na próxima semana, quarta-feira (24).
“Já houve uma evolução. Até ontem não tínhamos respostas às reivindicações, agora temos uma sinalização do governo de que estuda possibilidades para cumprir a pauta. Temos que prosseguir as negociações, continuar mantendo o diálogo e a mesma firmeza em defender nossos direitos”, ressalta a secretária-geral do Sinproesemma, Janice Nery.
A pedido do presidente do Sinproesemma, professor Julio Pinheiro, nesta sexta-feira (19), o governo deve emitir documento oficial com as respostas apresentadas ao sindicato, na reunião.
“Na nossa avaliação, avançamos, porque já temos o compromisso do governo para o atendimento da nossa pauta. O pagamento das progressões será definido daqui a um mês e o reajuste, que não será pago de imediato, porque o Estado alega dificuldades, temos o compromisso do governo de buscar meios para atender esse item, assim como temos a manutenção do diálogo aberto para que o governo diga, no decorrer das negociações, como atender todos os pontos da pauta”, avalia Julio Pinheiro.
Representando os educadores, além do presidente do sindicato, participaram da reunião a vice-presidente, Benedita Costa; o segundo vice-presidente, o vereador Carlos Hermes, de Imperatriz; a secretária-geral, Janice Nery; o secretário de Administração e Patrimônio, Raimundo Oliveira; a secretária de Relações Institucionais, Rita Pereira; e os coordenadores das regionais sindicais, Stênio José (Imperatriz), Izabel Lins (Açailândia) e Raimundo Silva (Zé Doca).

Francisco e os padres casados

Durante a visita ao Brasil em 2013, o papa Francisco esteve ao lado dos índios que lutam pela proteção da floresta. A Amazônia deveria ser preservada como um “jardim do mundo”, disse o pontífice. A mesma definição foi depois utilizada na revolucionária encíclica ambientalLaudato si’, mas ninguém podia imaginar, até pouco tempo atrás, que na verde imensidão brasileira pudesse realizar-se também uma experimentação pastoral sem precedentes na história da Igreja. A notícia é que o papa tem total intenção de superar ocelibato dos padres e que o projeto piloto será realizado no “jardim do mundo”.

A reportagem é de Clauco Bernabucci, publicada por CartaCapital, 16-02-2016.
Que na Amazônia existam padres de fato casados quem escreve é testemunha ocular desde os anos 1980. Agora, na nova Igreja que Francisco quer construir, trata-se de superar as hipocrisias e os conservadorismos do passado para permitir que essa realidade venha à tona. Com transparência e audácia, Bergoglio quer transformar uma fraqueza pastoral, a escassez de sacerdotes na Amazônia, em elemento de inovação doutrinária e de expansão da mensagem de Cristo.
Depois da áspera confrontação interna durante o último Sínodo, a Igreja romana está à espera do pronunciamento definitivo do papa sobre as questões da família e, em particular, da espinhosa decisão de admitir os divorciados na comunhão eucarística. A fórmula “alemã” que permitiu a mediação vitoriosa de Francisco no Sínodo, ou seja, a descentralização das decisões e experiências, será provavelmente aprofundada e, pelo visto, estendida a outras questões. Vozes diversas afirmam, de fato, que Francisco já decidiu: o tema do próximo Sínodo será o celibato eclesiástico.
Vários elementos contribuem para chegar a essa conclusão, e o primeiro é a demonstração do coerente propósito do papa de realizar a agenda de seu mentor espiritual, o falecido cardeal Martini. O então arcebispo de Milão, jesuíta e líder dos progressistas na hierarquia, durante o Sínodo de 1999 dedicado à Europa pronunciou um célebre discurso em que listou as questões cruciais a serem enfrentadas pela Igreja por ele sonhada: “A carência dos ministros ordenados, o papel da mulher na sociedade e na Igreja, a disciplina do casamento, a visão católica da sexualidade, a práxis penitencial, as relações com as igrejas irmãs da ortodoxia e, mais em geral, a necessidade de animar a esperança ecumênica, a relação entre democracia e valores e entre leis civis e lei moral”. Não há dúvida alguma de que esta atualíssima agenda espiritual e política, já abundantemente adotada por Francisco, continuará sendo sua estrela-guia.
A falta de vocações e, por consequência, de sacerdotes é um problema grave no mundo inteiro e, em particular, nas imensas extensões da América Latina, onde os graves limites das igrejas locais e a “competição” de outras tradições religiosas estão encolhendo o catolicismo em índices nunca vistos. O bispo Erwin Kräutler, austríaco, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), é personagem bem conhecido na Amazônia e destinado a deixar uma marca profunda na história daquela terra.
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Bispo na Amazônia, Krautler declara à Radio Vaticana:  O papa me pediu propostas concretas em relação ao celibato eclesiástico

Pastor resoluto e de grande personalidade, Kräutler opera na prelatura do Xingu, juntamente com 25 padres em um território de 368 mil quilômetros quadrados. Um ano atrás, ele escreveu ao papa recolhendo um antigo pedido dos bispos brasileiros: ordenar sacerdotes homens casados de comprovada virtude. Poucos dias antes do Natal passado, Francisco o recebeu no Vaticano, e o bispo se sentiu livre para relatar o conteúdo do encontro em entrevista à Radio Vaticana: “O papa me pediu propostas concretas em relação ao celibato eclesiástico. Ele quer agir na base do consenso: sublinhou, por um lado, que devemos ter coragem de falar e, por outro, que possamos começar em uma região com algumas tentativas finalizadas, nas quais os viri probati possam celebrar a Eucaristia” (…) “Estamos num ponto crucial, de não retorno. Nem o próximo papa nem aquele que virá depois dele poderão voltar atrás do que Francisco está fazendo hoje.”
Outro relevante personagem do catolicismo e da cultura alemã, o teólogo Wunibald Müller, em dezembro de 2013 escreveu ao papa uma carta aberta que foi publicada com destaque no site da Conferência Episcopal sob o título “Papa Francisco, abra a porta”. Bergoglio não respondeu e em abril de 2014 Müller insistiu com uma segunda missiva. Desta vez a resposta chegou e o jornal Süddeutsche Zeitung, um dos mais importantes da Alemanha, publicou em 4 de janeiro uma entrevista com o teólogo, que confirmou:
“Eu pedi um abrandamento do celibato. Deveríamos ter
  • padres casados,
  • bem como solteiros,
  • homossexuais
  • ou heterossexuais” (…) 
Francisco me agradeceu por minhas reflexões. Ele acha que minhas propostas não podem ser realizadas pela Igreja universal, mas acredito que ele não exclua soluções em nível regional. Ao bispo brasileiro Erwin Kräutler, Francisco já pediu para verificar se em sua diocese existem homens casados, de comprovada experiência, em condições de ser ordenados sacerdotes.”
Um célebre aforismo de Agatha Christie é que “um indício é um indício, dois indícios são uma coincidência, mas três indícios fazem uma prova”.
É o que podemos inferir da entrevista que Norberto Saracco, pastor pentecostal argentino, amigo há muitos anos deBergoglio, concedeu a Robert Draper, autor de uma matéria de capa dedicada a Francisco na edição de agosto de 2015 da National Geographic Magazine. Saracco, que encontrou o papa no Vaticano dois meses depois da sua eleição, conta queFrancisco afirmou com firmeza “querer introduzir mudanças imediatas” em vários setores da Igreja, mesmo imaginando que assim “surgiria um monte de inimigos”.
O pastor perguntou ao papa se queria também remover o celibato e, com estas palavras, comentou a resposta deFrancisco: “Se o papa conseguir sobreviver às pressões da Igreja e aos resultados do Sínodo sobre a família, acredito que depois estará pronto para pôr em discussão o celibato”. E ao jornalista estadunidense que lhe perguntava se essa era uma intuição ou o pensamento autêntico de Francisco, o pastor respondeu com sutileza: “Esta é mais do que uma intuição”.

Clauco Bernabucci