sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

2016: o ano em que se tentou matar a esperança do povo brasileiro

Os que mudaram ilegitimamente os rumos do país, impondo um ultraliberalismo, estão assassinando a esperança do povo brasileiro.  

Agência Brasil
  Leonardo Boff
“Esperança é um bem escasso hoje no mundo inteiro e especialmente no Brasil. Os que mudaram ilegitimamente os rumos do país, impondo um ultraliberalismo, estão assassinando a esperança do povo brasileiro. As medidas tomadas penalizam principalmente as grandes maiorias que veem as conquistas sociais históricas sendo literalmente desmontadas.
         
Aqui nos socorre o filósofo alemão (Ernst Bloch) que introduziu  o “princípio esperança”. Esta, a esperança, é mais que uma virtude entre outras. É um motor que temos dentro de nós que alimenta todas as demais virtudes e que nos lança para frente, suscitando novos sonhos de uma sociedade melhor.”
A situação social, política e econômica do Brasil mereceria uma reflexão severa sobre a tentativa perversa de matar a esperança do povo brasileiro, promovida por uma corja (esse é o nome) de políticos, em sua grande maioria corruptos ou acusados de tal, que, de forma desavergonhada, se pôs a serviço dos verdadeiros forjadores do golpe perpretado contra a Presidenta Dilma Rousseffa velha oligarquia do dinheiro e do privilégio que jamais aceitou que alguém do  andar de baixo chegasse a ser Presidente do Brasil e fizesse a inclusão social de milhões dos filhos e filhas da pobreza.
  • Obviamentehá politicos valorosos e éticos,
  • bem como  empresários da nova geração, progressitas
que pensam no Brasil e em seu povo.
Mas estes não conseguiram ainda acumular força suficiente para dar outro rumo à politica e um sentido social ao Estado vigente, de cariz neoliberal e patrimonialista.
Ao se referir à corrupção todos pensam logo no Lava Jato e na Petrobrás. Mas esquecem ou lhes é negada, intencionalmente pela mídia conservadora e legitimadora do establishment, a outra corrupção, muito pior, revelada exatamente no dia de Natal que junto com o nascimento de Cristo se narra a matança de meninos inocentes pelo rei Herodes, hoje atualizado pelos corruptos que delapidam o país.
Wagner Rosário, secretário do Ministério da Transparência, nos revela que nos últimos treze anos
  •  esquemas de corrupção, de fraudes
  • e desvios de recursos da União, repassados aos Estados, municípios e ONGs e direcionados a pequenos municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano
  • podem superar um milhão de vezes o rombo na Petrobrás descoberto na Lava Jato.
Resultado de imagem para Grandes roubos na saúde e na merenda escolar no Brasil
São 4 bilhões mas camuflados que podem se transformar, num estudo econométrico, em um trilhão de reais. As áreas mais afetadas são
  • * a saúde (merenda)
  • *e a educação (abandono das escolas).
Diz o Secretário: “A gente chama isso de assassinato da esperança. Quando você retira merenda de uma criança, você tira a possibilidade de crescimento daquele município a médio e a longo prazo. É uma geração inteira que você está matando”.
A nação precisa saber desta matança e não se deixar mentir por aqueles que
  • ocultam,
  • controlam
  • e distorcem
as informações  porque são anti-sistêmicas.
Mas não se pode viver só de desgraças que macularam grande parte do ano de 2016. Voltemo-nos para aquilo que nos permite viver e sonhar: a esperança.
Para entender a esperança precisamos  ultrapassar o modo comum de vermos a realidade. Pensamos que a realidade é o que está aí, dado e feito. Esquecemos que o dado é sempre feito e não é todo o real. O real é maior. Pertence ao real também o potencial, o que ainda não é e que pode vir a ser. Esse lado potencial se expressa pela utopia, pelos sonhos, pelas projeções de um mundo melhor.
É o campo onde floresce a esperança. Ter esperança é crer que esse potencial pode se transformar em real, não automaticamente, mas pela prática humana. Portanto, a utopia que alimenta a esperança não se antagoniza com a realidade. Ela revela seu lado potencial, o abscôndito que quer vir para fora e fazer história.

Faço meu o lema do grande cientista e físico quântico Carl Friedrich von Weizsäcker, cuja sociedade fundada por ele me honrou em final de novembro em Berlim com um prêmio pelo intento de unir o grito da Terra com o grito do pobre:”não anuncio otimismo, mas esperança”.
Esperança é um bem escasso hoje no mundo inteiro e especialmente no Brasil. Os que mudaram ilegitimamente os rumos do país, impondo um ultraliberalismo, estão assassinando a esperança do povo brasileiro. As medidas tomadas penalizam principalmente as grandes maiorias que veem as conquistas sociais históricas sendo literalmente desmontadas.
Aqui nos socorre o filósofo alemão (Ernst Bloch) que introduziu  o “princípio esperança”. Esta, a esperança, é mais que uma virtude entre outras. É um motor que temos dentro de nós que alimenta todas as demais virtudes e que nos lança para frente, suscitando novos sonhos de uma sociedade melhor.
Esta esperança vai fornecer as energias para a população afetada poder resisitir, sair às ruas, protestar e exigir mudanças que façam bem ao país, a começar pelos que mais precisam.
Como a maioria é cristã valem as palavras do sábio Riobaldo de Guimarães Rosa”Com Deus existindo, tudo dá esperança, o mundo se resolve…Tendo Deus é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim, dá certo. Mas se não tem Deus, então, a gente não tem licença para coisa nenhuma”.
Ter fé  é ter saudades de Deus. Ter esperança é saber que Ele está ao nosso lado, ainda que invisível, fazendo-nos esperar contra toda a esperança.

Leonardo Boff
é articulista do JB online e escreveu Teologia da libertação e do cativeiro, Vozes  2014.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Lula em 2016: luta contra perseguição e injustiças

Ex-presidente enfrentou escalada de abusos judiciais sem precedentes; a resposta do povo: Lula permanece sendo o mais admirado e é favorito para 2018
 27/12/2016 11h24

(foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Desde o início da vida política de Luiz Inácio Lula da Silva, em meados da década de 1970, pipocam denúncias sem provas e nem fundamento contra a maior liderança política do Brasil. Neste ano, porém, a perseguição política, midiática e judicial alcançou níveis sem precedentes.
Enquanto parte da Câmara dos Deputados preparava o golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, se intensificou a obsessão em relação a Lula. O petista foi acusado, sem provas, de ter sido beneficiado de forma ilegal com um apartamento no Guarujá (SP) e um sítio em Atibaia (SP). Ambos os casos foram devidamente explicados pela defesa de Lula, mas a perseguição judicial se intensificou, sem as manchetes de jornais e telejornais destacarem o devido contraditório.
Por outro lado, também foi relevante a onda de apoio e solidariedade formada em torno do ex-presidente. O povo foi às ruas em diferentes ocasiões para defendê-lo; foi criado um observatório de personalidades para monitorar ações contra Lula; a campanha Stand With Lula, criada pela Confederação Sindical Internacional (ITUC/CSI), que representa 180 milhões de trabalhadores sindicalizados de 162 países, denunciou a perseguição judicial internacionalmente; e por fim, a campanha Por Um Brasil Justo pra Todos e pra Lula foi criada como forma de resistência e luta.
Mesmo com intensa perseguição jurídica e midiática, para 43% dos brasileiros, Lula foi o melhor presidente do Brasil. O dado foi revelado em pesquisa  CUT/Vox Populi divulgada no fim de dezembro. Na mesma pesquisa, Lula está à frente de todos os concorrentes em todas as simulações feitas no primeiro e no segundo turnos das eleições presidenciais de 2018. Em pesquisa elaborada pela Datafolha, o cenário se repete.
2016 foi um ano de arbitrariedades mas também de resistência. Veja como se desenrolou a história até o fim de dezembro.

Condução ilegal

O caso mais grave de abuso judicial ocorreu em 4 de março quando, por ordem do juiz de primeira instância Sérgio Moro, a Polícia Federal (PF) foi ao apartamento de Lula em São Bernardo do Campo (SP) e o conduziu coercitivamente a uma unidade da PF no aeroporto de Congonhas, na capital paulista, para prestar depoimento.
De acordo com juristas, ação foi ilegal e exagerada; a condução coercitiva só pode ser autorizada caso qualquer pessoa se recuse a depor. “Só se conduz coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor. E Lula não foi intimado”, afirmou Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Só se conduz coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor. E Lula não foi intimado”, Marco Aurélio Mello, ministro do STF
“Era só ter convidado. Antes deles, nós já éramos democratas”, reafirmou o líder político em uma histórica fala à imprensa no Diretório Nacional do PT, também em São Paulo. A frase de Lula ao encerrar a entrevista ficou célebre: “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva como sempre esteve”.
Veja discurso na íntegra:
Nos dias seguintes, o povo tomou as ruas para defender o ex-presidente. Houve atos e manifestações de solidariedade a Lula em todos os estados do País.
Conversamos com os manifestantes que foram nesta quarta 17 ao Forum Barra Funda apoiar Lula. Aperte o play, ouça as respostas e veja no final do vídeo de 1:30 minutos quem estava do outro lado da rua…
Posted by Partido dos Trabalhadores on Wednesday, February 17, 2016

Marx e Hegel

Em 10 de março, três promotores do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) – José Carlos Blat, Cássio Conserino e Fernando Henrique Araújo – pediram a prisão preventiva do ex-presidente sob uma denúncia frágil e sem provas, que foi amplamente criticada por profissionais do Direito. Para muitos juristas, a acusação era absolutamente simplória.
Trechos do pedido que vazaram na internet foram alvos de piada. Um dos pontos afirma que as condutas de Lula ‘certamente deixariam Marx e Hegel envergonhados.’ O problema é que o parceiro literário de Marx é Engels, e não Hegel, filósofo anterior à Marx, e de corrente filosófica oposta.
O procurador da República Vladimir Aras resumiu o sentimento geral: “Nunca vi nada igual. Todo mundo comete erros, mas não é possível tamanha inépcia e falta de técnica. O texto é imprestável a qualquer juízo.”
O povo também se manifestou em solidariedade ao ex-presidente:
O ex-presidente Lula recebeu apoio de centenas de pessoas, ontem, em São Bernardo do Campo. Veja o que alguns deles têm a dizer.
Posted by Partido dos Trabalhadores on Monday, March 14, 2016
O povo foi às ruas em diversos atos de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à democracia esta semana. Veja alguns motivos que levaram as pessoas a defender Lula no vídeo produzido pela Agência PT:
Posted by Partido dos Trabalhadores on Friday, March 11, 2016

Grampo de Lula e Dilma

Em meio à crise política, a presidenta Dilma convidou Lula para se tornar ministro da Casa Civil. Ele tomou posse em 16 de março. O ex-presidente não tinha nenhuma acusação formal contra si e nada que o impedisse de se tornar ministro. “A vinda do presidente Lula para o ministério é algo bastante importante e relevante por dois motivos. Primeiro, pela inequívoca experiência política. O segundo motivo é o conhecimento do presidente Lula sobre o País, sobre as necessidades do País, o compromisso com políticas estratégicas, que é necessário ter para que a gente ter um desenvolvimento mais continental”, declarou. Imediatamente a oposição se manifestou, dizendo que entraria com uma ação para impedir a posse de Lula.

Foto: Roberto Stuckert Filho / PR
No mesmo dia, o Juiz Sérgio Moro retirou o sigilo de interceptações telefônicas do ex-presidente e vazou para a grande imprensa uma série de áudios. As conversas não demonstravam nenhum ilícito, mas foram exploradas à exaustão pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
O mais grave: entre as gravações havia uma conversa entre Lula e Dilma, que, como presidenta da República, não podia ser alvo de grampos telefônicos. “Em muitos lugares do mundo, quem grampear o presidente vai preso se não tiver autorização judicial da Suprema Corte”, afirmou a presidenta. “Grampeia o presidente dos Estados Unidos e vê o que acontece”, criticou.
A reação do meio jurídico foi imediata. Para o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, o juiz paranaense chamou a atitude de Moro de atropelamento da Constituição.  “Ele não é o único juiz do país e deve atuar como todo juiz. Agora, houve essa divulgação por terceiro de sigilo telefônico. Isso é crime, está na lei”.
O também ministro do STF Teori Zavascki afirmou que Moro retirou o sigilo das conversas entre Lula e Dilma sem nenhuma das cautelas exigidas em lei. “O conteúdo das conversas – cujo sigilo, ao que consta, foi levantado incontinenti, sem nenhuma das cautelas exigidas em lei – passou por análise que evidentemente não competia ao juízo reclamado”, analisou.
A revista britânica The Economist publicou artigo afirmando que a decisão do juiz federal Sérgio Moro de liberar a gravação de uma conversa telefônica entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff pode configurar violação de privacidade.
Posteriormente, devido à repercussão, o juiz Sérgio Moro chegou a pedir desculpas pela divulgação dos áudios. O documento foi enviado a pedido de Zavascki após a decisão do ministro que determinava a suspensão das investigações da Operação Lava Jato que envolviam Lula e envio dos processos ao Supremo.

Um milhão nas ruas pela democracia

Em março também aconteceu a maior mobilização em favor da Democracia, contra o golpe à presidenta Dilma Rousseff e a perseguição judicial e midiática contra o Lula. Os espaços públicos mais conhecidos de todas as capitais e cidades grandes do País receberam  protestos e mais de um milhão e 350 mil pessoas saíram às ruas.

Sem provas, mas convicções
Em 14 de setembro, o promotor Deltan Dallagnol convidou a imprensa para uma apresentação em que comprovaria que Lula era “comandante máximo de esquema de corrupção”. O meio utilizado para embasar uma denúncia tão grave: uma apresentação de power point.
Durante a apresentação, o promotor assumiu que não tinha prova cabal alguma contra Lula, “mas tinha convicção”.

Deltan Dallagnol, ao centro (foto: Pedro de Oliveira/ALEP)
O meio jurídico considerou um erro grave a acusação sem provas e a espetacularização da denúncia. Entre eles, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia. “O processo é formal e guarda ritos. Não pode ser objeto de um espetáculo. Isso me preocupa. É preciso aprimorar esse procedimento”, disse em entrevista à Rádio Estadão.
Por sua vez, o ex-presidente da OAB, Marcelo Lavenère, afirmou nunca ter visto, em seus 55 anos de carreira, um espetáculo “injustificado e inaceitável” como o protagonizado pelo MPF. Para ele, os responsáveis pela ação deveriam ser processados.
Outras personalidades do meio jurídico também criticaram Dallagnol. Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP e doutor em Direito do Estado: “Não se pode afirmar que alguém praticou um crime até que seja condenado. E, neste caso, a pessoa nem foi acusada. É uma situação que constrange o meio jurídico, é de estarrecer (…) É algo grave, é ato de exceção e não de direito”.
Wálter Maierovitch, ex-desembargador e professor de Direito afirmou: “Nunca vi uma apresentação tão espetacular. Tinha até mestre-de-cerimônias com apresentação de componentes da mesa com nome e sobrenome. Nunca vi isso na minha vida”.
Foi grande a repercussão negativa da ação do MPF na imprensa internacional. Do norte-americano “Chicago Tribune: “O abismo entre as acusações verbais e aquilo pelo que Silva foi denunciado de fato coloca em dúvida o futuro dessa investigação”. Para o “La Jornada”, do México, “tudo indica que buscam inabilitá-lo para as eleições de 2018”. “Uma verdadeira inquisição”, publicou o francês “Le Monde”.
Lula convocou novamente a imprensa para explicar a denúncia sem provas do MPF. Em um discurso emocionado, o líder petista destacou que a lógica de parte do Poder Judiciário “não é mais os autos do processo” e sim das manchetes dos meios de comunicação, interessados em ter alguém para “criminalizar e demonizar”.

Foto: Paulo Pinto/Agência PT
“Conquistei o direito de andar de cabeça erguida nesse País. Tenho convicção que quem mentiu está num enrascada. Provem uma corrupção minha, que eu irei a pé para ser preso”, afirmou.
Lula ainda chamou a denúncia apresentada pelo MPF de “espetáculo de pirotecnia” para justificar a mentira que foi construída, “como se fosse um enredo de uma novela” e que agora precisam concluir a história, escolhendo “os bandidos e os mocinhos”.
Após a entrevista, Lula foi para os braços do povo, que o esperava em frente ao hotel onde ele deu a coletiva:

Stand With Lula

Como resposta às arbitrariedades, a Confederação Sindical Internacional (ITUC/CSI), que representa 180 milhões de trabalhadores sindicalizados de 162 países, lançou no dia 20 de setembro a campanha internacional “Stand with Lula” (“Estamos com Lula”). Segundo a secretária-geral da ITUC/CSI, o objetivo é defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de abusos judiciais no Brasil e denunciar os “poderosos interesses” que tentam impedir sua livre atuação política.
A campanha foi divulgada em Nova Iorque, simultaneamente à abertura da Assembleia Geral da ONU. Presentes no ato, alguns dos mais expressivos dirigentes sindicais dos Estados Unidos, como Tefere Gebre, da AFL-CIO, assim como advogados, juristas e defensores dos direitos humanos com atuação internacional. O ex-presidente Lula foi convidado a fazer uma saudação por meio de teleconferência. Veja no vídeo como foi:

Comprovação das palestras

Em outubro, em mais um episódio de perseguição, o MPF chegou a questionar a realização de uma palestra na Assembleia Nacional de Angola. Porém em seguida o Instituto Lula publicou a palestra na íntegra, que havia sido transmitida à época por uma emissora angolana, desmoralizando a denúncia. Segundo a “Folha de S. Paulo”, o Ministério Público teria exigido de um delator afirmar que a palestra não aconteceu em troca de um acordo.

Lula inocentado por testemunhas de acusação

Em novembro, a própria Operação Lava Jato convocou 11 testemunhas para denunciar supostos crimes cometidos pelo ex-presidente Lula em relação ao imóvel no Guarujá e em fraudes de contratos na Petrobras. Todas as 11 testemunhas foram unanimes em dizer que nunca trataram de assuntos ilícitos com o ex-presidente.
Os depoimentos, uma espécie de “retrospectiva” da Lava Jato, indicam também um cenário bem diferente do PowerPoint simplista apresentado pelo procurador Deltan Dallagnol, ou na denúncia do MP.
Tanto em contratos em geral, quanto nos três contratos, das Refinarias do Paraná e Abreu e Lima, que o MP diz ter saído vantagens para o ex-presidente, todos os depoentes afirmaram não ter qualquer informação sobre isso. Disseram sequer ter “ouvido falar” de vantagens para Lula.

(foto: Pedro de Oliveira/Alep)

Campanha Por um Brasil Justo pra Todos e pra Lula

Em novembro, lideranças de movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos lançaram a campanha “Por um Brasil justo pra todos e pra Lula”, com objetivo de iniciar um amplo movimento por todo País, e também no exterior, com eventos e manifestações contra as perseguições ao ex-presidente Lula e em defesa da democracia.
Defender os direitos de Lula à presunção da inocência, à ampla defesa e a um juízo imparcial é defender a democracia, o estado de direito, a liberdade, os direitos e a cidadania de todos os brasileiros, na avaliação dos organizadores.
Veja depoimentos ouvidos no lançamento da campanha:

O Caso Lula

Em dezembro, juristas e grandes personalidades do Direito brasileiro e internacional publicaram o livro “O Caso Lula: A luta pela afirmação dos direitos fundamentais no Brasil” , em que explicam de maneira técnica as inúmeras violações e arbitrariedades de Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula.
Para muitos juristas, Lula é vítima da prática de lawfare – que é o uso da lei e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.

Para John Comaroff, professor na Universidade de Harvard (EUA) e especialista em lawfare, é fundamental que Moro seja substituído. “Ao vazar conversas privadas, mesmo que envolvam 20 pessoas, se Lula está entre elas, você sabe que é dele que a mídia falará. Isso é ‘lawfare’. Você manipula a lei e cria uma presunção de culpa”, analisou Comaroff.
Para um dos maiores especialistas em Direitos Humanos do planeta, Geoffrey Robertson, Moro se comporta como um ególatra. “Ele ama ter seu rosto estampado em jornais e livros. Um juiz jamais se comportaria dessa maneira na Europa”. E afirmou, em palestra na PUC-SP: “Um juiz que comete atos ilegais não deveria ser juiz”.
“Para deleite público, Moro entregou a gravação para Globo, em uma atitude extremamente política. Ele sabia que era ilegal gravar a Dilma e gravou assim mesmo. Um juiz que comete atos ilegais não deveria ser juiz. Algo assim nunca seria permitido em nenhum país civilizado”.

Perseguição midiática

O vice-diretor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (Lemep), João Feres Júniorcomandou um estudo em que comprova de maneira científica a intensa perseguição do “Jornal Nacional”, da Rede Globo, e da grande mídia em geral, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Partido dos Trabalhadores.
De dezembro de 2015 a agosto de 2016, período compreendido pela pesquisa de João Feres, o “Jornal Nacional” veiculou 12 horas e 52 minutos de matérias com viés contrário ao líder petista. É o mesmo que a transmissão de sete partidas de futebol ou um mês de novela.  Os materiais com viés neutro duraram quatro horas. Impressiona a quantidade de matérias sobre Lula com viés positivo: zero segundo.
“Todos eles têm uma cobertura muito negativa do Lula e ao PT. Muito mesmo. Eles passaram a tentar colocar o PT como o partido responsável pela corrupção no Brasil”, João Feres Júnior
“Para ter uma ideia, em março de 2016 as notícias negativas em relação a Lula atingiram uma ordem de 340 matérias por mês nos três principais jornais do Brasil. E estou falando somente das capas. Dá, em média, mais que três por dias em cada jornal”.
A perseguição da mídia a ex-presidente, diz João Feres, tem contornos estranhos por ser tratar de um cidadão sem nenhum cargo político. “O mais absurdo é que Lula não tem nenhum cargo público. Ele é apenas um político conhecido”.
Leia o estudo sobre a cobertura do “Jornal Nacional”.

Popularidade em alta

Mesmo após um ano de intensa perseguição, para 43% dos brasileiros, Lula foi o melhor presidente do Brasil. O dado foi revelado em pesquisa  CUT/Vox Populi divulgada no fim de dezembro. Além disso, 33% dos entrevistados afirmaram admirar/gostar muito do petista e 58% dos entrevistados disseram que suas vidas melhoraram nos governos do PT.
Na mesma pesquisa, Lula está à frente de todos os concorrentes em todas as simulações feitas no primeiro e no segundo turnos das eleições presidenciais de 2018. Lula tem 31% das intenções de voto espontâneas.
Em pesquisa elaborada pela Datafolha, o cenário se repete, com Lula à frente na corrida eleitoral, crescendo 3 pontos nas simulações de primeiro turno na comparação com o levantamento anterior, de julho. Por outro lado, a rejeição a Lula caiu 13 pontos percentuais em relação a pesquisa feita em março de 2016.
Para o presidente da CUTVagner Freitas, os resultados da pesquisa CUT/Vox Populi mostram que “os brasileiros, mesmo os mais pobres e simples, têm discernimento, refletem e julgam racionalmente, não se deixam influenciar pela avalanche de denúncias sem provas e sensacionalismo da mídia conservadora”.
Apoio de personalidades
Muitas personalidades da vida política, social e cultural do País saíram em defesa do ex-presidente ao longo deste ano. Veja o que eles falaram:
Chico Buarque, compositor: “Receba minha solidariedade por tudo o que você vem enfrentando. Estou com você, como sempre”.

(foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Carina Vitral, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE): “Graças ao seu governo, democratizamos a universidade e isso mudou a realidade da juventude”.
Otto, compositor: “Chega a ser constrangedor a gente fazer isso com o maior líder que o Brasil já teve, uma pessoa que realmente fez mudanças sensíveis no País.
João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST): “Que o senhor possa seguir ajudando o povo brasileiro a se conscientizar sobre nossos inimigos e percorrendo esse Brasil levando uma voz de esperança”.
Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST): “O que está sendo feito contra o presidente Lula é um verdadeiro linchamento, é uma perseguição política com seletividade e com presunção de culpa. Isso não dá para admitir nem contra Lula e nem com ninguém no Brasil”.
Jandira Feghali, deputada federal (PCdoB-RJ): “Lula é um dos maiores líderes populares da América Latina. Sua história de vida já se confunde com a do País. Brasil esse que Lula fez sair do mapa da fome, do mais pobre poder acessar à universidade, da geração de emprego, do fomento e oportunidades às classes mais pobres”.
Mano Brown, compositor: “O Lula ajudou muita gente. O PT ajudou muita gente. Os quatro governos de esquerda do PT ajudaram muito a população pobre. [Antes] Tinha gente que não comia, não vestia, não tinha mais vontade de viver. Pagou a dívida, emprestou dinheiro… Lula operou um milagre”.

(imagem: reprodução)
Paulo Henrique Amorim, jornalista: “É preciso garantir a liberdade do Lula, é preciso garantir a possibilidade dele ser candidato em 2018”.
Anna Muylaert, cineasta: “O trabalho que foi feito pelo governo Dilma, pelo governo anterior do Lula, é um trabalho de inclusão social de um nível estrondoso no planeta. Na Europa inteira, a Europa sabe e reconhece. Aqui, talvez precise de alguns anos para a gente entender a dimensão do que vem acontecendo”.
Tico Santa Cruz, músico:  “Lula, você tem o meu apoio até que provem algo contra ti! Não tenho medo de colocar a cara! A vida é pra quem tem coragem!”.
Celso Antônio Bandeira de Mello, jurista: “A perseguição a Lula é evidente. Ela resulta de um pavor que eles têm de que Lula seja candidato a presidente”.
Oliver Stone, cineasta norte-americano: “Há um processo para se livrar dele. Ele é um dos fundadores do partido, existe um golpe de Estado no Brasil, e a oposição está muito preocupada com a possibilidade de ele voltar ao poder. Por isso é importante difamá-lo e passar por cima do PT. Acho ele um homem muito honesto e sincero, com muita integridade. Ele e seu governo sempre representaram isso para mim”.
Jorge Furtado, cineasta: “Lula é o alvo a ser destruído [pela direita], porque não existe nenhuma outra liderança popular como Lula. Por isso a tentativa de tirar o Lula das eleições”.
Dilma Rousseff, presidenta eleita do Brasil: “Respeito muito a história do presidente Lula e tenho certeza de que esse será um processo que será superado porque acredito que o país, a América Latina e o mundo precisam de uma liderança com as características do presidente Lula”.

sábado, 24 de dezembro de 2016

PROFESSOR LUCIANO DESEJA A TODOS UM FELIZ NATAL


Que o Menino Deus, Jesus de Nazaré, possa nascer todos os dias em nossos corações e que este renascimento diário transforme as nossas vidas e faça brotar dela frutos de amor e misericórdia.

Feliz Natal!


São os votos de  Professor Luciano Matias; minha esposa Dayanne Mayse e nosso filho Murillo Gael.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

VEREADORA CHRISTIANE PINHEIRO DISTRIBUI CESTAS BÁSICAS EM MATÕES

VEREADORA CHRISTIANE DISTRIBUI CESTAS BÁSICAS
A vereadora de Matões, Christiane Pinheiro (PCdoB), junto com amigos, distribuiu cestas básicas para  famílias carentes do município.

A distribuição é uma tradição da família da vereadora, que iniciou-se com a promessa de seu esposo Rodolfo ( empresário e vice-prefeito eleito de Timon), em virtude do sucesso da cirurgia cardíaca a que Rodolfo foi submetido em 2015. Cada ano, no período natalino,  são distribuídas quantas cestas básicas corresponderem à idade de João Rodolfo e, sempre à famílias mais carentes, independente de cor partidária.

A vereadora convidou amigos para acompanhá-la e, juntos, distribuíram na tarde desta terça-feira (20/12)  cestas em alguns bairros da cidade de Matões.

Mais uma vez, a vereadora demonstra seu carinho por nosso município,sobretudo pelo povo mais carente pois   a promessa poderia ser paga em Timon, terra de seu esposo, no entanto Christiane Pinheiro preferiu distribuir as cestas em Matões. 

sábado, 17 de dezembro de 2016

Enquanto o 1% de cima tem 51%, os 50% de baixo só têm 1%

Para deixar ainda mais escandaloso o quadro, se fazemos as contas com os 10% mais ricos, veremos que eles acumulam 89% de toda a riqueza do mundo!

Michael Roberts * – 14/12/2016 
Na atualidade, há 32,9 milhões de milionários a nível mundial (ou sejam adultos com mais de 1 milhão de dólares em propriedades ou economias, descontadas as dívidas). Há somente 140 mil pessoas em todo o mundo com patrimônio superior a 50 milhões de dólares. E também há mais de 2 mil multimilionáriosque são realmente os donos do mundo.
 Equivale a 1% da população mundial. São os adultos que pertencem ao grupo dos mais ricos do mundo, e que reúnem 51% da riqueza global. Do outro lado da pirâmide, os adultos que compõem a metade inferior do espectro social, possuem juntos apenas 1% dessa riqueza.
Para deixar ainda mais escandaloso o quadro,
  • se fazemos as contas com os 10% mais ricos do planeta,
  • veremos que eles acumulam 89% de toda a riqueza do mundo!
Esta é a nova cifra calculada pelo informe anual da riqueza global do banco Credit Suisse. A cada ano, o Credit Suisse apresenta este informe, escrito pelos professores Tony Shorrocks, James Davies e Rodrigo Lluberas – que antes o elaboravam para a ONU.
Costumo escrever sobre ele a cada ano, em artigos que geralmente terminam se posicionando entre os mais populares.
Da última vez que tratei dos resultados desses informes, o 1% mais rico tinha 48% da riqueza global. Logo, neste um ano e meio, a desigualdade global aumentou ainda mais, segundo a pesquisa.
Entretanto, a proporção de riqueza acumulada pelo 1% ou pelos 10% mais ricos se reduziu entre 2000 e 2007, de um 50% (percentual similar ao deste último estudo) a um 46%. Uma diferença não muito grande, mas que marcava uma tendência de queda, que se inverteu depois da crise financeira, com os setores mais ricos voltando a perceber os níveis de concentração observados no começo deste século.
Os investigadores do Credit Suisse estimam que estas mudanças refletem principalmente a importância relativa dos ativos financeiros dos lares, que voltaram a aumentar de valor a partir de 2008, fazendo crescer a riqueza de muitos dos países mais ricos, e de muitas das pessoas mais ricas, em todo o mundo.
Apesar de a proporção dos ativos financeiros se reduzir este ano, as partes dos grupos de riqueza superiores continuaram aumentando. No outro extremo da pirâmide da riqueza mundial, a metade inferior dos adultos possui coletivamente menos de 1% da riqueza total.
A principal razão principal desta enorme desigualdade é que há muitos pobres (em termos de riqueza) no mundo. Não se necessita muito para se estar na parte de cima da pirâmide. Deduzidas as dívidas, a pessoa só necessita ter 3,7 dólares para formar parte do grupo dos possuidores de riqueza.
Entretanto, se necessita cerca de
  • 77 mil dólares para pertencer aos 10% mais ricos,
  • e 798 mil para se chegar ao 1%, o patamar superior, onde estão os donos de mais da metade da riqueza mundial.
Assim, se você é dono de uma casa (ou seja, não paga aluguel) em qualquer cidade importante num país desenvolvido do hemisfério norte, você provavelmente é parte desse 1% superior. Não se sente rico por isso? Pois o cenário que demonstra essa riqueza é o do contraponto, a situação dos pobres, que são a grande maioria das pessoas no mundo:
  • sem propriedade,
  • sem dinheiro e, evidentemente
  • sem ações, títulos ou bonos.
A investigação mostra que
  • 3,5 bilhões de pessoas – 73% de todos os adultos do mundo – possuem bens e renda inferiores a 10 mil dólares em 2016.
  • Outros 900 milhões de adultos (19% da população mundial) estão no leque entre 10 mil e 100 mil dólares.
  • Os pobres se concentram no continente africano, na Índia e nas nações mais pobres da Ásia.
  • Porém, também há um número significativo de pessoas que são pobres segundo esses parâmetros, e que vivem na América do Norte e na Europa – entre eles 9% dos norte-americanos, a maioria com um patrimônio líquido negativo, e 34% dos europeus. Essas pessoas não só carecem de riquezas como também vivem endividadas.
E quem são os que estão cada vez melhor? Certamente não são os indianos.
  • A Índia tem só 3,1% das pessoas de classe média do mundo (com uma riqueza de entre 10 mil e 100 mil dólares) e essa proporção praticamente não mudou nos últimos anos.
  • Pelo contrário, a China conta com 33% da população em níveis médios de riqueza, dez vezes mais que Índia, e essa proporção se duplicou desde o ano 2000.
  • Isto nos mostra que a expansão econômica sem precedentes da China tirou centenas de milhões de pessoas da pobreza, ainda que a desigualdade tenha aumentado.
Além disso, o número de milionários, que se reduziu em 2008, mostrou uma rápida recuperação depois da crise financeira, e agora é mais que o dobro da cifra de 2000.
Na atualidade,
  • há 32,9 milhões de milionários a nível mundial (ou sejam adultos com mais de 1 milhão de dólares em propriedades ou economias, descontadas as dívidas).
  • Há somente 140 mil pessoas em todo o mundo com patrimônio superior a 50 milhões de dólares.
  • E também há mais de 2 mil multimilionáriosque são realmente os donos do mundo.
Supondo que não haverá mudanças na tendência de aumento da desigualdade com respeito à riqueza mundial, se espera que haja
  • mais 945 multimilionários nos próximos cinco anos, elevando o total a quase 3 mil.
  • Mais de 300 desses novos multimilionários devem ser da América do Norte.
  • A China, segundo esses cálculos, somará mais novos multimilionários que toda Europa junta, situando o total de chineses nesse patamar acima dos eurepeus.
O Credit Suisse estima que a riqueza global total agora é de 334 bilhões de dólares, ao redor de quatro vezes o PIB mundial anual. No começo deste século, houve um rápido aumento da riqueza mundial, com um crescimento mais rápido na China, na Índia e em outras economias emergentes, que representaram 25% do aumento da riqueza, apesar de que possuíam somente 12% da riqueza mundial no ano 2000.
A riqueza mundial se reduziu em 2008, mas mostrou uma lenta tendência de recuperação a partir de então, com uma taxa significativamente mais baixa que a exibida antes da crise financeira. De 2010 em diante, a riqueza (em dólares) caiu em todas as regiões do planeta fora da América do Norte, Ásia-Pacífico e China.
  • A riqueza per capita por adulto registrou crescimento pífio,
  • e a riqueza média caiu desde 2010.
  • Logo, o adulto médio é cada vez mais pobre.
Nos últimos 12 meses, a riqueza mundial aumentou em 1,4%, mal podendo manter o ritmo do crescimento da população. Como resultado, neste ano de 2016, a riqueza média por adulto se manteve sem mudanças pela primeira vez desde 2008, aproximadamente uns 52,8 dólares. Portanto, a população mundial em seu conjunto não se tornou mais rica no último ano e meio, mas a desigualdade aumentou.
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* Michael Roberts
é um reconhecido economista marxista britânico.