domingo, 30 de abril de 2017

Maior greve geral da história do país contou com 40 milhões de brasileiros


Brasil de Fato | São Paulo (SP)
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Cerca de 70 mil pessoas estiveram no ato da Greve Geral no Largo da Batata, na capital paulista / / Ricardo Stuckert
No dia da greve geral, convocada por centrais sindicais e movimento populares, mais de 40 milhões trabalhadores e trabalhadoras de todo o país paralisaram suas atividades, segundo dados dos organizadores. A sexta-feira (28) ficou marcada como a maior greve da história brasileira, segundo afirmou a Frente Brasil Popular, que junto com o Fórum das Centrais e a Frente Povo Sem Medo convocou as ações.
O dia amanheceu com garagens de ônibus paralisadas, piquetes nas fábricas, vias bloqueadas, ruas vazias e centenas de categorias de trabalhadores com os braços cruzados por todo o Brasil.
CONFIRA UM RESUMO NO VÍDEO:
Para João Paulo Rodrigues, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), "a greve conseguiu chegar ao conjunto da classe trabalhadora e, acima de tudo, fazer um grande debate sobre a importância da luta e da resistência contra as reformas do governo golpista de Michel Temer". Ele ainda refirmou que segue "o compromisso de continuar a luta" e que espera que "o Congresso Nacional tenha a sensibilidade de parar imediatamente as duas votações [das reforma trabalhista e da Previdência]. Caso contrário, nós vamos convocar uma nova greve geral por tempo indeterminado".
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Rádio Brasil Atual, afirmou pela manhã que o sucesso da greve também significa que está sendo ampliada a conscientização do povo brasileiro em relação aos impactos das reformas pretendidas. "A greve teve adesão da dona de casa, dos trabalhadores do pequeno comércio. O movimento sindical e o povo brasileiro estão fazendo história", avaliou.
Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, essa é a maior greve trabalhista já realizada no país. Ele a comparou ao movimento de 1989, quando 35 milhões de trabalhadores paralisaram os trabalhos. "Ainda não há estimativa, mas a Central vai ultrapassar esse número", disse, em entrevista para o Congresso em Foco.
Logo nas primeiras horas da madrugada, diversas cidades registraram paralisações e piquetes de trabalhadores de diversas categorias, como as de transporte público. Metrôs, ônibus e trens de uma série de cidades não circularam por 24h. Entre as dezenas de categorias que aderiram ao dia nacional de paralisação nos mais diversos ramos da economia, estão a de transporte, escolas, bancos e indústria em todo o país. Estabelecimentos de saúde – hospitais, unidades básicas, prontos-socorros –, onde não se pode paralisar 100%, os trabalhadores vão fazer escala semelhante à de final de semana, priorizando o atendimento a emergências. 
Também aderiram à greve os bancários (em 22 estados), metalúrgicos (sete estados), comerciários (seis estados), eletricitários, químicos, petroleiros e trabalhadores de saneamento básico e dos Correios. Os servidores públicos das demais áreas, inclusive do Judiciário, aderiram à paralisação em todas as capitais e dezenas de cidades médias, assim como os trabalhadores do Porto de Santos.
Confira abaixo mais detalhes de como foi a Greve Geral em alguns estados.
SÃO PAULO
Cordão policial em volta da casa de Michel Temer, na capital paulista | Foto: Julia Dolce/Brasil de Fato
Na cidade de São Paulo, diversos movimentos populares e militantes, convocados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, saíram de diversos pontos da cidade para chegarem à concentração geral, no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista. A ação reuniu 70 mil manifestantes e caminhou do local, localizado próximo à avenida Faria Lima, até a casa do presidente golpista Michel Temer.
De forma pacífica e entoando palavras de ordem, os ativistas foram atacados pela Polícia Militar próximo à residência do mandatário não eleito. Como acompanhou a reportagem do Brasil de Fato, um cordão de policiais foi formado no entorno do local e, com a aproximação do ato, iniciaram os avanços da força de repressão.
Anda nesta sexta-feira (28), dia de greve geral, a Polícia Militar (PM) invadiu o Sindicato dos Bancários de de São Paulo, Osasco e Região, por volta das 17h, mesmo horário em que estava marcado um ato dos movimentos populares e centrais sindicais, no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista. Segundo informações do sindicato, os policiais intimidaram manifestantes sob o argumento de “proteger o patrimônio público”.
Em publicação em seu site, informou que os trabalhadores estavam na porta da sede do sindicato se manifestando, quando cerca de cinco PMs foram até eles e entraram na entidade, armados, revistando os militantes, "de forma truculenta e agressiva".
Já no período da manhã, seis integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que realizavam um protesto na Radial Leste, em São Paulo (SP), foram detidos e se encontram no 65º Distrito Policial (DP), Artur Alvim, na Zona Leste da capital. Ao todo, durante este dia de greve, foram detidos 16 manifestantes na cidade de São Paulo até às 11h, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública. Além dos seis militantes que se encontram no DP de Arthur Alvim, outros quatro foram encaminhados ao 33º DP, Pirituba, Zona Norte; e mais 6 detidos que foram levados ao 92º DP, Ceasa, na Zona Oeste.
Ainda madrugada desta sexta-feira (28), a Frente de Luta por Moradia (FLM), membro da Central de Movimentos Populares, além de coletivos de cultura, deram início às ações da greve geral em São Paulo, com a ocupação cultural “Casa Aberta, Praça de Todos”. Cerca de 300 integrantes dos movimentos ocuparam um terreno no centro da capital paulista, como parte de uma iniciativa chamada Abril Vermelho, na Ladeira da Memória.
PARANÁ
Mais de 90 categorias de trabalhadores do Paraná aderiram à paralisação contra as reformas trabalhista e previdenciária do governo golpista de Michel Temer (PMDB), nesta sexta-feira (28). Cerca de 200 mil pessoas participaram de mobilizações e pelo menos 400 aderiram à greve em todo o estado, de acordo com estimativas da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR).
Em Curitiba, terminais de transporte público, ruas e praças estavam completamente vazias no início da manhã, devido à adesão dos trabalhadores do transporte coletivo à greve geral. Apenas carros transitavam pela cidade. Enquanto isso, em pontos diversos da capital, movimentos sociais e organizações sindicais promoviam atos e protestos localizados. Segundo a organização, 30 mil pessoas participaram da marcha que partiu do Centro Cívico, passou pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e seguiu até a Praça Tiradentes, onde houve o encerramento, perto das 14h. Saiba mais sobre o dia de Greve Geral no Paraná.
PERNAMBUCO
Nas garagens de ônibus, braços cruzados ou mãos em punho e cartazes com anúncio da Greve Geral. Em vias importantes do estado e da cidade do Recife, bloqueios feitos por militantes de movimentos populares. Foi assim que esta sexta-feira (28) começou em Pernambuco. A adesão ao chamado da Greve Geral, contra as reformas propostas pelo governo golpista de Michel Temer, é grande em todo Brasil.
Trabalhadores (as) das empresas de ônibus e integrantes de movimentos populares e sindicatos, se reuniram na frente das garagens de ônibus do Recife já na madrugada, com o objetivo de garantir que nenhum ônibus circulasse na capital pernambucana. Os principais terminais integrados de passageiros estavam vazios. Saiba mais sobre o dia de Greve Geral em Pernambuco.
RIO GRANDE DO SUL
O centro de Porto Alegre (RS) amanheceu vazio devido a grande adesão à greve geral de diversas categorias, como bancos, escolas e universidades, comércios e justiça do trabalho. Além disso, em todo o estado, foram bloqueadas diversas estradas. 
Na madrugada desta sexta-feira, a BR 290 nos sentidos interior-capital, próximo a Ponte do Guaíba em Porto Alegre , e capital-interior, em Eldorado do Sul foram trancadas por cerca de 200 integrantes do MST, Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), e centrais sindicais. As rodovias foram liberadas após ação truculenta do Batalhão do Choque da Brigada Militar, que lançou bombas de gás lacrimogênio contra os manifestantes.
Ainda em Porto Alegre, foram realizadas mobilizações em diversos pontos da cidade, entre elas, as empresas de ônibus, a rodoviária, a prefeitura, os terminais de ônibus e o Centro Administrativo do Estado. Saiba mais sobre o dia de Greve Geral no Rio Grande do Sul.
RIO DE JANEIRO
Em adesão à greve geral convocada para esta sexta-feira, aeroviários paralisam atividades nos aeroportos Santos Dumont e Galeão, no Rio de Janeiro. No Galeão, a maior parte dos cancelamentos de voos foram de companhias aéreas internacionais, informou o movimento grevista.
A greve geral teve impacto em várias regiões do Rio. A ponte Rio Niterói foi ocupada por manifestantes, além disso tem bloqueios na Av. Brasil, Radial Oeste, Linha Vermelha, Rodovia Niterói-Manilha e nos acessos às barcas e ao terminal rodoviário Nova Alvorada, um dos maiores da cidade. Esses são importantes pontos de circulação da cidade e região metropolitana, por onde passam milhares de trabalhadores todos os dias. Saiba mais sobre o dia de Greve Geral no Rio de Janeiro.
PARÁ
Diversas cidades do estado do Pará aderiram à greve geral desta sexta-feira (28). Em Belém (PA), as ações começaram ainda de madrugada. Cerca de 50 mil pessoas participaram da marcha convocada por vários movimentos e sindicatos. Diversos pontos estratégicos da capital paraense foram fechados, como o trecho da Alça Viária, a BR 316, e as avenidas Almirante Barroso (próximo ao bairro de São Braz), Augusto Montenegro e Presidente Vargas.
Segundo a integrante do Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense, Domingas de Paula Martins Caldas, que participa das manifestações em Belém, a greve de hoje é histórica. "Eu comecei na luta com 17 anos, agora tenho 64 e estou indignada. Foram muitos anos que nós lutamos para obter uma conquista mínima para as mulheres, e hoje com uma canetada de uma criatura irresponsável, se quer matar o povo de fome, trazer a miséria de volta para nosso país. Nós somos contra [as reformas] e por isso nós estamos nas ruas".
A surpresa do dia foi que parte dos rodoviários, que não aceitaram o acordo com o sindicado patronal, negociado na quinta-feira (27), aderiram à greve. Os motoristas se mobilizaram parando os ônibus e furando os pneus, bloqueando, assim, o acesso de uma das principais avenidas de Belém, a Almirante Barroso. Saiba mais sobre o dia de Greve Geral no Pará.
MINAS GERAIS
De acordo com a Frente Brasil Popular, cerca de 150 mil pessoas participaram do ato em Belo Horizonte, contra as medidas do presidente golpista, Michel Temer. A mobilização contou com diversos setores da sociedade, como sindicalistas, sem-terra, indígenas da etnia Xakriabá e estudantes.
Cerca de 15 mil pessoas, de acordo com a Frente Brasil Popular, foram às ruas em Uberlândia, nesta sexta-feira. Em Juiz de Fora, a Greve Geral reuniu na Zona da Mata mineira, cerca de 30 mil manifestantes. Também houve fechamento da BR 116, em Itaobim. Em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de BH, manifestantes bloquearam a rodovia BR 040. Saiba mais sobre o dia de Greve Geral em Minas Gerais.
Edição: Vivian Fernandes

sexta-feira, 28 de abril de 2017

AULA DE CIDADANIA EM MATÕES: PARALISAÇÃO DOS PROFESSORES E ALUNOS NO CENTRO DE ENSINO JOÃO PAULO I


Texto: Professor Luciano Matias
Os professores e alunos do Centro de Ensino João Paulo I , uma escola de ensino médio, da rede estadual de ensino, em Matões, participaram hoje de uma verdadeira aula de cidadania.

Os discentes e docentes da instituição resolveram aderir à paralisação nacional deste dia 28 de abril contra as reformas previdenciária e trabalhista, propostas pelo governo golpista Temer.

Alunos e professores participaram de uma palestra de esclarecimento no pátio da escola e logo após participaram de uma caminhada de protesto pelas principais ruas da cidade, terminando em frente à escola com pronunciamentos de professores.

 O evento foi bem participado e representou um momento histórico para a nossa instituição e para o nosso município.

A população aprovou a manifestação e aplaudia por onde  a caminhada passava, inclusive houve adesões dos populares ao evento.






domingo, 23 de abril de 2017

Arcebispos da Paraíba e de Maringá convocam fiéis para “gritar pela dignidade do povo brasileiro”, no dia 28 de abril

“O povo não pode aceitar de forma alguma a reforma”.
 Dom Anuar Battisti e Dom Manoel Delson – 22 Abril 2017
  O Arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti, gravou vídeo para chamar todos os fiéis para participar das manifestações do dia 28 de abril.
 Para o religioso, a data será uma oportunidade para o povo brasileiro elevar sua voz e dar um grito em busca de dignidade para todo o povo:
 “Dignidade para todos: para os pobres e para os excluídos. Convidamos você para participar desse dia 28 para sair nas ruas e gritar pela dignidade de todo o povo brasileiro. Momento de manifestar nosso patriotismo, nossa dignidade de povo que busca vida e vida em abundância! ”
O Bispo de Campina Grande, Arcebispo eleito da Paraíba, Dom Manoel Delson, também fez vídeo para convocar todos os trabalhadores para participar das manifestações: “O povo não pode aceitar de forma alguma a reforma”.
  • Para ver o vídeo do Arcebispo de Maringá, clique aqui.
  • Para ver o vídeo do Bispo de Campina Grande, clique aqui.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

NOVA PESQUISA : LULA AUMENTA VANTAGEM NO PRIMEIRO E SEGUNDO TURNO

O ex-presidente Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece como favorito para vencer as eleições presidenciais em todos os cenários de primeiro e segundo turnos na pesquisa CUT/Vox Populi, realizada entre os dias 6 e 10 de abril e divulgada nesta terça-feira, 18, pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).
No cenário em que o candidato do PSDB à Presidência é o senador Aécio Neves (MG), Lula aparece com 44% das intenções de voto, contra 9% do tucano. Na pesquisa de dezembro do ano passado, Lula tinha 37% e Aécio, 13%. O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) subiu de 7% para 11% na mesma comparação. A líder do partido Rede Sustentabilidade, Marina Silva, se manteve com 10% e Ciro Gomes (PDT-CE) com os mesmos 4%.
Com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa, Lula venceria com 45% dos votos, contra 12% de Bolsonaro, 11% de Marina Silva, 6% de Alckmin e 4% de Ciro Gomes. Na pesquisa de dezembro, Lula tinha 38%; Alckmin, 10%; Bolsonaro, 7%; Marina Silva, 12%; e Ciro Gomes, 5%.
A pesquisa colocou ainda o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), como candidato do PSDB. Ele teria 5% das intenções de voto, a mesma quantidade de Ciro Gomes. O ex-presidente Lula aparece com 45% das intenções de voto. Marina e Bolsonaro empatam com 11%. Em dezembro, não houve um cenário com Doria no levantamento.
Segundo turno. Nas simulações de um eventual segundo turno nas próximas eleições presidenciais, a pesquisa do Instituto Vox Populi mostra Lula vencendo de todos os adversários. A vitória com a maior vantagem para Lula seria se o concorrente fosse Doria: o petista venceria por 53% contra 16% do prefeito.
Enfrentando Alckmin, Lula teria 51% dos votos válidos contra 17% do tucano. Se o candidato fosse Aécio, o ex-presidente levaria 50% dos votos válidos e o senador teria 17%. Contra Marina, Lula venceria as eleições por 49% a 19%. A pesquisa não divulgou nenhuma simulação em que Lula não estaria no segundo turno.
Pesquisa espontânea. No voto espontâneo, quando os entrevistados falam em quem votariam sem uma lista de nomes, Lula tem 36% das intenções de voto. Doria aparece com 6%; Aécio, 3%; Marina, 2%; o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Alckmin têm 1%.
Apesar da vitória de Lula em todos os cenários, 66% dos entrevistas acham que Lula cometeu erros, apesar de ter feito "muito mais coisas boas pelo povo e pelo Brasil". Esse índice era de 58% em dezembro.
Sobre os governos petistas, a pesquisa mostra que 58% dos brasileiros acham que a vida melhorou com Lula e Dilma Rousseff no governo. Por outro lado, 13% disseram que piorou e 28% responderam que nem melhorou, nem piorou.
A pesquisa entrevistou 2.000 pessoas em 118 municípios de todos os Estados e do Distrito Federal. A margem de erro é de 2,2%, com um índice de confiança de 95%.

sábado, 15 de abril de 2017

Em Via Sacra, Papa denúncia vergonhas e aponta esperanças da humanidade

Papa Francesco a Repubblica: "Fermate i signori della guerra, la loro violenza distrugge il mondo"

“Tanta vergonha, Senhor, mas também tanta esperança, confiante de que Jesus ‘não nos trata pelos nossos méritos…”, disse o Papa Francisco na Via Sacra no Coliseu de Roma

Da redação, com Rádio Vaticano
Vergonha e esperança foram principais palavras do Papa Francisco ao final da Via Sacra realizada no Coliseu de Roma na Sexta-feira Santa, 14. Após as 14 estações que recordaram o drama das guerras, dos migrantes, das famílias dilaceradas e das crianças violadas, o Papa fez uma oração em que denunciou os motivos para sentir vergonha e apontou os motivos para ter esperança.

Os motivos da vergonha

“Vergonha por todas as imagens de devastação, destruição e naufrágio que se tornaram ordinárias na nossa vida. Vergonha pelo sangue inocente que diariamente é derramado de mulheres, crianças e migrantes, de pessoas perseguidas pela cor de sua pele ou pertença étnica e social e por sua fé no Senhor. Vergonha pelas muitas vezes que, como Judas e Pedro, O vendemos e traímos e O deixamos só a morrer pelos nossos pecados, fugindo como covardes da nossa responsabilidade. Vergonha pelo nosso silêncio diante da injustiça, pelas mãos preguiçosas em dar e ávidas em tirar e em conquistar, pelo nossa voz forte em defender os nossos interesses e tímida em falar dos interesses dos demais. Pelos nossos pés velozes no caminho do mal e paralisados no caminho do bem. Vergonha por todas as vezes que nós bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas escandalizamos e ferimos o Seu corpo, a Igreja, e esquecemos o nosso primeiro amor, o primeiro entusiasmo e nossa total disponibilidade, deixando enferrujar o nosso coração e a nossa consagração.”

Os motivos da esperança

“Tanta vergonha, Senhor”, prosseguiu o Papa, mas também tanta esperança, confiante de que Jesus “não nos trata pelos nossos méritos, mas unicamente segundo a abundância da Sua misericórdia”.
“A esperança de que a sua cruz transforma nossos corações endurecidos em corações de carne, capaz de sonhar, de perdoar e de amar. Transforma essa noite tenebrosa de Sua cruz em alvorecer da Sua ressurreição. A esperança de que a Sua fidelidade não se baseia na nossa. A esperança de que a fileira de homens e mulheres fieis à Sua cruz continua e continuará a viver fiel como o fermento que dá sabor e como a luz que abre novos horizontes no corpo da nossa humanidade ferida. Esperança de que sua Igreja tentará ser a voz que grita no deserto da humanidade para preparar a estrada do Seu retorno triunfal quando virá julgar os vivos e os mortos. A esperança que o bem vencerá não obstante a sua aparente derrota.”

Não se envergonhar nem instrumentalizar a cruz

Por fim, o Papa rezou: “Ó Senhor Jesus, filho de Deus, diante do Seu patíbulo nos ajoelhamos envergonhados e esperançosos e pedimos que perdoe os nossos pecados e nossas culpas. Pedimos que se lembre de nossos irmãos que sucumbiram pela violência, pela indiferença e pela guerra. Pedimos que rompa as correntes que nos mantêm presos no nosso egoísmo, na nossa cegueira voluntária e na vaidade dos nossos cálculos mundanos. Ó Cristo, nós Lhe pedimos que nos ensine a jamais nos envergonhar da Sua cruz, a não instrumentalizá-la, mas honrá-la e adorá-la, porque com ela nos manifestou a monstruosidade dos nossos pecados, a grandeza do seu amor, a injustiça dos nossos juízos e a potência da sua misericórdia. Amém.”

quarta-feira, 12 de abril de 2017

CNBB LANÇA NOTA CONTRA O ABORTO

"O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro", afirmam os bispos.
Na tarde desta terça-feira, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu Nota Oficial "Pela vida, contra o aborto". Os bispos reafirmam posição firme e clara da Igreja "em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural" e, desse modo lembra condenam "todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil". 
"O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu", sublinham os bispos.
Os bispos ainda lembram que "o respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto".  E afirmam: "A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade". 
Atitudes antidemocráticas
Na Nota, os bispos afirmam: "Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar". 
A CNBB pede: "O Projeto de Lei 478/2007 - “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado". E conclama: as "comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana".

Leia a Nota:
  CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL 
Presidência


NOTA DA CNBB
PELA VIDA, CONTRA O ABORTO

“Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio”
(Didaquê, século I)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua Presidência, reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural . Condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil. 
O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu. Na realidade, desde quando o óvulo é fecundado, encontra-se inaugurada uma nova vida, que não é nem a do pai, nem a da mãe, mas a de um novo ser humano. Contém em si a singularidade e o dinamismo da pessoa humana: um ser que recebe a tarefa de vir-a-ser. Ele não viria jamais a tornar-se humano, se não o fosse desde início . Esta verdade é de caráter antropológico, ético e científico. Não se restringe à argumentação de cunho teológico ou religioso.
A defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé. A tradição judaico-cristã defende incondicionalmente a vida humana. A sapiência  e o arcabouço moral  do Povo Eleito, com relação à vida, encontram sua plenitude em Jesus Cristo . As primeiras comunidades cristãs e a Tradição da Igreja consolidaram esses valores . O Concílio Vaticano II assim sintetiza a postura cristã, transmitida pela Igreja, ao longo dos séculos, e proclamada ao nosso tempo: “A vida deve ser defendida com extremos cuidados, desde a concepção: o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis” .
O respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto. O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro. A ninguém pode ser dado o direito de eliminar outra pessoa. A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade. O Papa Francisco afirma que “as mães são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. ‘Indivíduo’ quer dizer ‘que não se pode dividir’. As mães, em vez disso, se ‘dividem’ a partir de quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer” .
Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar. 
O direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 - “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado. 
Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; “causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto” . São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto. 
É um grave equívoco pretender resolver problemas, como o das precárias condições sanitárias, através da descriminalização do aborto. Urge combater as causas do aborto, através da implementação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil. Espera-se do Estado maior investimento e atuação eficaz no cuidado das gestantes e das crianças. É preciso assegurar às mulheres pobres o direito de ter seus filhos. Ao invés de aborto seguro, o Sistema Público de Saúde deve garantir o direito ao parto seguro e à saúde das mães e de seus filhos. 
Conclamamos nossas comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana.
Neste Ano Mariano Nacional, confiamos a Maria, Mãe de Jesus, o povo brasileiro, pedindo as bênçãos de Deus para as nossas famílias, especialmente para as mães e os nascituros.  

Brasília-DF, 11 de abril de 2017.



Cardeal Sergio da Rocha
 Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

             Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ   
 Arcebispo de São Salvador
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo U. Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

terça-feira, 4 de abril de 2017

PT saúda a vitória de Lenin Moreno no Equador


Em nota, Partido dos Trabalhadores saúda a vitória do companheiro Lenin Moreno no segundo turno das eleições presidenciais no Equador
 03/04/2017 19h01

Carlos Silva / Presidência da República
O Presidente da República, Rafael Correa, juntou-se às comemorações do combinação vencedora de Alianza País Movimento, que é fundador. Uma vez computados os resultados oficiais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Lenin Moreno Garcés é o novo Presidente Constitucional
O Partido dos Trabalhadores divulgou nota oficial, nesta segunda-feira (3), em que saúda a vitória de Lenin Moreno, do Movimento Aliança PAIS, no segundo turno das eleições presidenciais no Equador.
Lenin Moreno foi vice-presidente e candidato apoiado por Rafael Correa. Ele ficou com 51,16% dos votos válidos, contra 48,84% de Guillermo Lasso, do partido Criando Oportunidades (CREO).
Em nota assinada pelo presidente do PT, Rui Falcão, e pela secretária de Relações Internacionais, o partido afirma que a vitória de Moreno também representa a reprovação do ideário neoliberal e antipopular defendido pelo candidato oposicionista.  O PT ainda repudia a tentativa da oposição “de deslegitimar o processo eleitoral ao levantar a hipótese de fraude a partir do momento em que as pesquisas eleitorais indicaram sua derrota”.
Leia a nota na íntegra:
“PT saúda a vitória de Lenin Moreno
O Partido dos Trabalhadores saúda a vitória do companheiro Lenin Moreno, do Movimento Aliança PAIS, no segundo turno das eleições presidenciais no Equador, realizado este domingo, 2 de abril. O povo equatoriano deixou claro seu apoio à Revolução Cidadã e quer a continuação do processo de transformação social, econômica, política e cultural implantada desde o início do governo do Presidente Rafael Correa, em janeiro de 2007.
A vitória de Moreno foi também a reprovação do ideário neoliberal e antipopular defendido pelo candidato oposicionista. Repudiamos sua tentativa de deslegitimar o processo eleitoral ao levantar a hipótese de fraude a partir do momento em que as pesquisas eleitorais indicaram sua derrota.
Desejamos ao companheiro Lenin Moreno todo o sucesso para dar continuidade à gestão que compartilhou com seu antecessor, aprofundando as políticas de igualdade e justiça social.
Rui Falcão
Presidente Nacional
Mônica Valente
Secretária de Relações Internacionais”

CNBB CONVOCA CATÓLICOS CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Pedro A. Ribeiro de Oliveira – 28/03/17 
Foto: IHU – trabalho – aposentadoria
“Foi com alegria que li a nota da CNBB contra o projeto de reforma da previdência, precedida por uma carta pastoral da Diocese de Volta Redonda e uma nota da Província eclesiástica de Belo Horizonte”, escreve Pedro A. Ribeiro de Oliveira, doutor em Sociologia, professor aposentado dos PPGs em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF e da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas. 
Eis o artigo. 
Foi com alegria que li a nota da CNBB contra o projeto de reforma da previdência, precedida por uma carta pastoral da Diocese de Volta Redonda e uma nota da Província eclesiástica de Belo Horizonte. Ao final do ano passado a Igreja Luterana (IECLB) já havia tomado a mesma posição, mas até agora a CNBB parecia vacilar ante o golpe parlamentar desferido contra a Constituição cidadã de 1988 – e não somente contra a presidente Dilma.
O texto da CNBB lembra que “os Direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”, e afirma “a intrínseca matriz ética” do sistema de Previdência “criado para a proteção social de pessoas expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade…), particularmente as mais pobres”.
Vai ao âmago do problema ao afirmar que “os números do Governo Federal que apresentam um déficit previdenciário são diversos dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo”. Após essa insinuação de que o Governo esconde a verdade dos números, afirma a necessidade de “auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração de exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência.”
Resultado de imagem para O despertar da CNBB
Foto: Portal das CEBs: destroçando a Previdência 

Após essa análise da realidade, a CNBB convoca “os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados”. Aqui reside o ponto fraco. Não do texto, mas da própria CNBB: para o povo se mobilizar em defesa dos seus direitos, não basta uma convocação. Veja-se o exemplo recente da Reforma Política.
Há três anos a CNBB e dezenas de organizações da sociedade civil fizeram um projeto de lei de iniciativa popular a ser encaminhada ao Congresso. O total de assinaturas, porém, não chegou a 600 mil – pouco mais de 1/3 do necessário. Ficou patente, então a perda da capilaridade social da Igreja católica, tão eficaz nas lutas em defesa dos Direitos Humanos durante a ditadura, e na elaboração da Constituição cidadã de 1988.
Imagem:  CEBs | Portal das Comunidades Eclesiais de BaseImagem Pagina CEBs
A enorme rede de Comunidades Eclesiais de Base – CEBs – articuladas pelas Pastorais Sociais e sintonizadas com as Comissões de Justiça e Paz, em sintonia com a CNBB, eram uma força social capaz de causar temor até mesmo nos militares – que não conseguiam silenciá-las. A retirada do apoio às Pastorais Sociais e às equipes de CEBs, porém, resultou em sua gradual desarticulação.
Nas dioceses onde elas ainda têm agentes de pastoral liberados/as para dinamizá-las, continuam capazes de mobilizar as bases populares; mas onde os bispos cancelaram o desembolso financeiro para manter as equipes de articulação, elas definharam.
Diante desta realidade, convocar uma mobilização popular é apenas um desejo piedoso.Trata-se então de completar o auspicioso pronunciamento da CNBB com um plano de apoio às CEBsPastorais SociaisComissões de Justiça e Paz e organismos equivalentes. ]
Elas perderam o vigor do passado, mas não morreram. Podem rejuvenescer se voltarem a receber o apoio e os recursos financeiros que possibilitem liberar pessoas para sua articulação, promover formação sócio-política para suas lideranças, e favorecer sua participação em encontros.
Se nossos bispos tiverem coragem de investir nas CEBs e nas Pastorais Sociais pelo menos a metade do que se investe na formação de seminaristas, a Igreja católica reconquistará seu papel de protagonista na defesa dos Direitos Humanos, da Cidadania e da Terra.
É uma questão de opção pastoral, como exige o contundente apelo do Papa Francisco, em favor de uma Igreja em saída. Aliás, a conversão pastoral de que fala o Documento de Aparecida significa tirar a Igreja da sacristia e levá-la às periferias, mesmo porque é lá que a Igreja encontrará apoio efetivo para garantir os Direitos dos Pobres.