sexta-feira, 28 de agosto de 2020

POLÍTICA E FILOSOFIA

 Texto: Professor Luciano Matias

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A política é um dos pilares da vida humana, pois ela orienta a vida em sociedade, a casa comum. Em sua origem a palavra política significa Cidade-Estado (polis) ou pertencente aos cidadãos (politikós). A política, então, surgiu da necessidade de administrar as cidades.

Platão imagina uma cidade harmoniosa em que cada pessoa cumpre de maneira perfeita o seu papel,assim tornando a cidade saudável. Esta cidade deveria ser governada por um filósofo, para andar bem, pois só o filósofo,segundo Platão tem a capacidade de administrar bem.

Aristóteles concebia a política como busca da felicidade, pois o objetivo do ser humano é buscar a felicidade em todas as suas ações. Nesse sentido, para ele a política é uma ciência prática,que busca o conhecimento para chegar à ação.

Na idade média, Santo Agostinho concebia a política como a busca de uma sociedade baseada na fé cristã e no amor de Deus.O Estado de Deus tem como fundamento a moral cristã. Esta seria a sociedade perfeita.

René Descartes defendia uma conformidade social,ou seja, a manutenção do status quo,a moderação e a tradição política. Em matéria de política ele é bastante conservador. Já Thomas Hobbes fundou sua teoria política sobre bases racionais e, assim tentou explicar o poder absoluto dos soberanos.

Para Baruch Spinoza a política se origina do desejo humano de libertar-se do medo, da solidão e da barbárie. A liberdade é fundamental para o desenvolvimento da sociedade. Ele defende o liberalismo econômico.

Já para Karl Marx a política é um instrumento do Estado para dominar os pobres e excluídos(proletários).O poder político emana de uma classe privilegiada (elite econômica) e impõe seu poder para manter seus privilégios.

Marilena Chauí defende o legado da democracia ateniense. Ela afirma que a democracia é o único regime que  considera o conflito legítimo e daí decorre sua fundamental importância.

Fizemos aqui um resumo da concepção política dos diversos tempos. Assim, concluímos a reflexão sobre os quatro grandes  temas filosóficos. a que nos propomos.



sexta-feira, 14 de agosto de 2020

RELIGIÃO E DEUS (Parte 2)

       Texto:Professor Luciano

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Continuamos com a reflexão filosófica sobre a religião e Deus.

Na Idade Moderna, o filósofo francês Descartes (1596-1650), construiu o raciocínio que coloca o pensamento como a única coisa existente primordialmente. Daí nasce a base racional da existência de Deus. Para ele a ideia de Deus não poderia ter vindo do nada, pois do nada não se origina coisa alguma,sobretudo um ser perfeito. Descartes ainda afirma que a ideia de perfeição não pode vir de algo imperfeito,portanto só pode se originar de algo Perfeito,ou seja, Deus.

Thomas Hobbes (1588-1679),filósofo inglês)em sua obra Leviatã, trata de aspectos sociais e políticos do Estado,mas também trata da religião e do poder eclesiástico. Ele defende a democracia dentro do seio da Igreja, como a eleição dos ministros religiosos pelos fieis,a jurisdição da Igreja somente sobre seus membros e oferta voluntária dos fieis à Igreja no lugar de dízimos obrigatórios.

Baruch Spinoza (1632-1677),entendia que Deus tinha uma unidade em si mesmo e que o Homem fazia parte da essência do Divino. Nenhuma coisa existe fora de Deus.Para ele o livre-arbítrio era condicionado por circunstâncias externas,portanto não era tão livre assim.Para ele, os Livros Sagrados trazem preceitos práticos para adoração a Deus e amor ao próximo.

A religião é utilizada pelos dominantes para ludibriar e controlar a massa trabalhadora, pelo menos assim é o que pensava o filósofo Karl Marx(1818-1883),pois criava uma falsa esperança de resolução dos problemas.Seria uma felicidade ilusória. Marx queria abolir as instituições, inclusive a religiosa, que para ele trabalharia para a manutenção da dominação dos burgueses.

Na contemporaneidade,surgem pensamentos como o de Nietzsche (1844-1900), que critica a religião cristã e a ideia de Deus.Para ele, o cristianismo tornou um ser humano um fraco,dependente de um ser superior e sobrenatural.Nega os impulsos naturais do ser humano.Ele não faz crítica a Jesus Cristo, mas o que fizeram dele. Para ele, Paulo é o verdadeiro fundador do cristianismo.Nietzsche afirma que Deus está morto como verdade eterna,como um ser que conduz o mundo. Com isso ele quis questionar se ainda era necessário ter fé em Deus.

Sartre (1905-1980) afirma que Deus não existe e, portanto o homem é livre.O homem é condenado a ser livre.

Acredito, enfim, que a questão principal, não é se Deus existe, mas quem é Deus, para nós. Tenho a convicção plena que a humanidade, mais do que nunca, precisa de Deus e que a religião como forma de ligar-nos ao divino é fundamental para o ser humano, até para os ateus.

Próxima semana enfrentaremos,neste espaço, o último dos quatro grandes temas filosóficos: a política.


sexta-feira, 7 de agosto de 2020

RELIGIÃO E DEUS (parte 1)

 Texto:Professor Luciano Matias

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O ser humano é um ser  aberto ao infinito. É metafísico por natureza. A religião ambienta-se nesse espaço, pois origina-se no latim "religare",religar,juntar, unir; nesse caso específico ligar o homem ao divino ou ao transcendente.

Desde os seus primórdios, o ser humano, em sua ânsia por saber da origem e do porquê das coisas,atribui muitas coisas a seres divinais.O trovão, o relâmpago, a água,o amor,etc,todos estes fenômenos foram atribuídos a deuses e, estes por seus poderes, foram reverenciados e adorados. 

Mas qual a relação entre filosofia e religião? O que os grandes filósofos afirmaram sobre esse fenômeno humano?

A busca do sentido da existência humana é o ponto central tanto da Filosofia quanto da religião.Mas, diferente da Filosofia, a religião não se baseia na racionalidade, mas na revelação, daí decorre a centralidade da FÉ na religião. Esta por sua vez é a capacidade de acreditar naquilo que não se pode provar por meio da razão. É um jogar-se nos braços do sobrenatural.

Platão tentou provar a existência dos deuses incorruptíveis baseado na harmonia dos corpos celestes. Alguns teóricos colocam Platão como o fundador da espiritualidade. Ele destaca a dualidade corpo-alma(intelecto).Para ele, o corpo é uma prisão da alma humana. 

Aristóteles admite a existência de um ato puro, em si mesmo. O ser humano possui espírito racional que o anima (dá vida). Deus, para Aristóteles, é pensamento puro,imóvel,imutável,perfeito,fonte do bem e causa do universo.

Tempos depois,Na Idade Média, Santo Agostinho afirma que a verdadeira religião é o Cristianismo.O ser humano é uma união perfeita entre corpo e alma que são metafisicamente distintos e onde a alma é superior ao corpo.

Santo Tomás de Aquino apresentou cinco vias que provam a existência de Deus:  Primeiro Motor imóvel (Deve existir um primeiro motor que move tudo, mas não é movido por nenhum outro); Primeira causa eficiente (retrocedendo ao infinito,chegaremos a uma causa das coisas,mas que não tenha causa); Ser necessário e os seres possíveis (do nada, nada vem,por isso os seres possíveis dependem de um ser necessário para fundamentar suas existências); Graus de perfeição (comparações são constatadas a partir de um ser máximo);Governo supremo (existe uma suprema inteligência que governa e ordena todas as coisas).

Na próxima semana continuaremos com o tema da religião e Deus, a partir das concepções filosóficas da Idade moderna.