As Ligas Camponesas marcaram a história de lutas do povo nordestino na década de 1960, particularmente na Paraíba e em Pernambuco. Tais Ligas surgem como fruto de uma conjunção de elementos: condições de vida difíceis, exploração por parte dos patrões e o desejo, por parte da classe trabalhadora, de tomar as rédeas do poder para ter o domínio do seu futuro.
Naquela época, a exemplo de muitos outros momentos na história, a classe dominante optou por se utilizar da violência para atacar e enfraquecer a organização da classe trabalhadora. Um das vítima desta violência foi João Pedro Teixeira, importante líder naquele momento, brutalmente assassinado pelo fato de ter um sonho e lutar pela organização dos trabalhadores e das trabalhadoras. Sua esposa, e importante líder do movimento Elizabeth Teixeira, foi obrigada a viver, então, em um auto exílio, se afastando de filhos e família por muitos e muitos anos. Sua história, inclusive, vem a ser mais conhecida pelo filme Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho.
Apesar dos mais de 50 anos que nos separam daquele período, não há como não fazer um paralelo. A condenação imposta ao ex-presidente Lula sem uma prova sequer nada mais é que uma forma de atacar e buscar enfraquecer a classe trabalhadora em nosso país. Guardadas as proporções, o que temos assistido ao vivo é uma tentativa de assassinato político contra o presidente Lula. Mais do que ao Lula, trata-se de uma investida contra os direitos políticos de uma classe que resiste e ainda quer derrubar o golpe de Estado pelo qual passamos desde 2016.
Com outros métodos, mais de 50 anos depois assistimos ao mesmo modelo. A classe dominante de nosso país, se vendo impossibilitada de ganhar nas urnas, derrubou uma presidenta eleita e se aproveita da situação para tirar vários de nossos direitos, como a aposentadoria, e quer dar o golpe final impedindo que Lula possa ser candidato novamente.
É com este sentimento que ocorreram atos em dezenas de municípios, nas capitais e interior do país, em defesa de Lula. Defender o ex-presidente das injustiças do judiciário brasileiro significa, neste momento, uma defesa da classe trabalhadora. A defesa de que a elite deste país não tem o direito de fazer o que quer. O povo tem que participar.
E assim como resistimos com muito sangue e terminamos por derrubar a ditadura militar, é tarefa nossa continuar resistindo a mais esta fraude. Continuaremos dizendo não a este golpe que nos atinge economicamente, com retiradas de direitos, e politicamente, com a tentativa de inviabilizar o Lula. O povo brasileiro está cada vez mais convencido de que a retomada da normalidade democrática é condição essencial para saída da crise na qual fomos colocados. E disso não abrimos mão.
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