quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Com voto contrário do PSOL, Câmara aprova MP que propõe retrocessos no ensino médio

Com voto contrário do PSOL, Câmara aprova MP que propõe retrocessos no ensino médio
Crédito da foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (07/12) o texto principal da medida provisória que reformula o ensino médio (MP 746/16), trazendo retrocessos para a educação de milhões de adolescentes e jovens brasileiros. Foram 263 votos favoráveis, 106 contrários e três abstenções.
Toda a bancada do PSOL votou contra a proposta, uma das primeiras apresentadas pelo presidente ilegítimo Michel Temer, tão logo ele assumiu o Palácio do Planalto. Sem qualquer diálogo com entidades sindicais de trabalhadores da educação e dos estudantes, o governo quer impor alterações severas que trarão prejuízos, no decorrer dos anos, para professores e alunos. Em setembro, o partido protocolou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF contra a medida provisória.
Entre os principais itens da proposta, se destacam o aumento da carga horária e a divisão dos temas a serem estudados, além da retirada de disciplinas como Sociologia e Filosofia da grade curricular. Em relação ao período integral, o PSOL argumenta que essa mudança contraria o direito à educação, garantido pelo artigo 206 da Constituição Federal. Como no ensino médio muitos alunos já estão no mercado de trabalho, o período integral sem políticas públicas de permanência retira dos estudantes a possibilidade de se sustentar e estudar.
Além disso, a MP de Temer acaba com o pré-requisito de possuir licenciatura para ministrar aulas, limitando a questão a “notório saber”. Isso prejudica a qualidade da educação, já que a formação de um professor vai além de conhecimento técnico e o ensino médio não se trata de ensino profissionalizante.
O líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), apresentou duras críticas à proposta. Ele explicou que cerca de 35% dos jovens entre 15 e 17 anos estão no mercado de trabalho e que a mudança para o período integral forçaria uma parcela considerável a parar os estudos. “Esse governo confunde duas coisas: ensino de tempo integral, com aumento de horas, com ensino integral, que é ter um projeto pedagógico para oferecer ao estudante do ensino médio. E aqui predomina uma visão da elite brasileira, que pensa ‘o ensino médio nunca serviu para nada, então vamos dar cursos profissionalizantes para o estudante do ensino médio’. Vai entrar como no mercado de trabalho? A maioria dos estudantes nem pensam em chegar ao ensino superior e receber uma formação humanística e profissional. Não é atoa que o projeto original retirava o ensino de Artes, de Educação Física, de Filosofia e de Sociologia”, criticou o líder do partido.
Todos os demais deputados do PSOL se posicionaram contrários à matéria. “Esse projeto tem vários problemas. Eles aumentam a carga horária, mas com um congelamento de 20 anos nos recursos. Retiram Filosofia e Sociologia para que a gente tenha uma escola que não seja crítica”, criticou Glauber Braga (RJ), durante a votação. “Se uma reforma do ensino médio deveria acontecer, ela deveria partir de um projeto de lei desta casa e não de uma medida provisória enviada por um governo golpista”, disse Jean Wyllys, questionando a legitimidade da proposta. “Qualquer mudança educacional precisa do comprometimento e do envolvimento não só do setor docente, mas também do discente, mas também da valorização da formação profissional”, pontuou Chico Alencar (RJ), comentando o fato de que a MP de Temer foi enviada sem o debate prévio com as entidades estudantis e dos trabalhadores.
Os destaques apresentadas à matéria serão apreciados em sessão na próxima segunda-feira (12/12).

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