sexta-feira, 3 de julho de 2020

NORMAL...?

Texto: professor Luciano Matias
Resultado de imagem para imagem de fomeVivemos em tempo de desconstrução do "normal". Mas, o que é ou o que foi este normal? 

A humanidade tem vivido um processo enorme de desumanização e, pior, tem vivido isso com normalidade. A maioria dos habitantes deste grão de poeira,chamado planeta Terra, vive ou sobrevive sem o mínimo de dignidade humana; bilhões são os que passam fome;outros tanto são os que vivem sem água potável,sem esgoto,sem banheiro adequado.

Poucos esbanjam luxo,muitos vivem na extrema pobreza. Poucos estragam comida,muitos passam fome.Poucos tem terra em abundância,muitos não tem onde reclinar a cabeça. Poucos tem acesso a uma saúde de ponta,muitos morrem à míngua na fila dos hospitais. Normal?

Nosso planeta e seus recursos não são apenas explorados para a sobrevivência humana,o que existe de fato é um verdadeiro crime contra a nossa "casa comum", como designa o Papa Francisco. 
O racismo torna-se mais proeminente,o autoritarismo político e as ditaduras travestidas de democracia solapam nossa convivência social. O ter supera o valor do ser.

Nossa sociedade é regida por critérios de capacidade de consumo,paga-se por tudo, desde o nascer até o morrer. O individualismo é marca profunda e cicatriz que não se fecha em nossas relações humanas. O hedonismo perpassa a existência,coisificando corpos e desvalorizando o belo do caráter humano. Aliás a beleza toma padrões dos povos ditos civilizados e renuncia-se, assim, à verdadeira beleza de cada povo e cultura.

A cultura é homogeneizada a partir de estruturas etnocêntricas dos povos que se declaram dominantes. A diversidade e riqueza de representações simbólicas que caracterizam e trazem identidade a muitos povos são excluídas.

Estas características são marcas do normal. Excludente,desagregador,desumano. 

Quando tratamos só do Brasil, acrescentamos a marca da relação casa-grande/senzala. Relação que ultrapassa todos os sistemas e formas de governo que já experimentamos.

 Resta saber o que será esse "novo normal".

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